ALEXANDRE ALBUQUERQUE
♦ 14 de novembro de 1880, São Paulo
† 09 de dezembro de 1940, São Paulo
PERFIL BIOGRÁFICO:
Alexandre Albuquerque foi um engenheiro e arquiteto paulistano.
Membro de uma família originária do Rio Grande do Sul, tinha onze irmãos, filhos do casal Ephigênia e Frederico Albuquerque. Seu pai como agrônomo e botânico, foi o responsável por plantar as palmeiras imperiais na rua do Paissandú, na cidade do Rio de Janeiro e devido à aproximação com o Imperador esteve ligado à criação do Jardim Botânico.
Albuquerque estudou no Colégio Militar e cursou, por pouco tempo, a Escola de Engenharia do Rio de Janeiro, dado que por volta de 1899 transferiu-se para a Escola Politécnica de São Paulo. Já em 1903, participou da fundação do Grêmio Politécnico, sendo seu primeiro presidente.
No período de sua gestão no Grêmio, ocorreu a primeira passeata dos alunos da Escola pelo centro da cidade. Em protesto, os estudantes saíram às ruas com um boneco encerrado em um caixão, representando sua indignação frente a um deputado da época que propunha aumentar as taxas de matrícula nas escolas estaduais.
Em 1905, Albuquerque graduou-se em engenharia civil e realiza em seguida uma viagem à Itália, por meio da qual tomou conhecimento detalhado acerca da arquitetura renascentista, o que, aliás, lhe rendeu a escrita de um trabalho erudito sobre o Renascimento Italiano.
Dentre os anos de 1907 e 1909, trabalhou junto a Francisco de Paula Ramos de Azevedo no escritório de engenharia-arquitetura, acabando depois por abrir o seu próprio. A questão é que nesse período, anterior mesmo às obras de urbanização que viriam a ser realizadas na gestão do prefeito Francisco Prestes Maia, vinha sendo maturado um conjunto de ideias no sentido da transformação urbana da capital paulista. O professor Albuquerque juntamente com outras personalidades da época, como Conde Prates, Rodrigues Alves, Barão de Boicana e o próprio Francisco de Paula Ramos de Azevedo, versou um projeto já em 1910 acerca da construção de prédios, abertura de avenidas, dentre outros empreendimentos, que visavam, em especial, a reurbanização da região de Santa Ifigênia aos moldes da influência arquitetônica francesa.
De toda forma, dentre seu rol de importantes obras estão a Capela e o Convento de Santa Thereza, onde hoje funcionam respectivamente, a Pontifícia Universidade Católica (PUC) e a Capela de Santa Thereza, para a realização dos quais, estudou arquitetura religiosa. Outro projeto de sua autoria foi o Convento da Divina Providência e a Catedral Metropolitana da Sé, a cuja construção dedicou-se (juntamente com Maximiano Hehl e o Dr. Jorge Krug) de 1919 até a sua morte em 1940.
Outra linha de atividades com a qual teve estreita ligação foi a do veio artístico paulista, tanto assim, que organizou o II Salão Paulista de Belas Artes e participou da fundação da Escola de Belas Artes - na qual também assumiu a função de docente - e presidiu o Sindicato dos Artistas.
No que se refere às aulas, o docente preparava súmulas do conteúdo a ser dado, deixando-as sob a mesa na sala de aula com o intuito de que os alunos mais próximos pudessem pegá-las para estudar a matéria. A despeito de então ser professor da cadeira de História das Construções Civis e Higiene das Habitações, Albuquerque também organizava o acervo fotográfico de História da Arquitetura, unindo, assim, os dois componentes que mais apreciava: fotografia e arquitetura.
Quando do estopim da Revolução de 1932, o mestre Albuquerque, em conjunto com diversos professores da Poli ,organizou a Comissão Inspetora das Delegacias Técnicas (CID) criada pelo governador Pedro de Toledo e fornecia apoio logístico aos engenheiros para a produção de material bélico. Por todos esses fatores, denota-se que também nesse quadro histórico, Albuquerque deixou suas marcas.
Foi nomeado diretor da Escola Politécnica, exercendo o cargo durante os anos de 1937 e 1938. Momento esse em que o país passava por profundas transformações políticas e econômicas, advindas da ditadura estabelecida com o Estado Novo.
Em 1940 veio a falecer, ainda novo, contando 60 anos de idade. Sua trajetória de vida revela, assim, as muitas facetas de um homem que exerceu múltiplas funções, desde a primeira presidência do Grêmio de Estudantes, até a vereança pelo Partido Republicano Paulista por duas vezes e a própria direção da Escola Politécnica. Combinou tudo isso com seu grande interesse pela arquitetura, fotografia e pintura, realizando obras que ainda marcam a paisagem urbana de nossa cidade.
Foi um dos principais propugnadores em prol da regulamentação da profissão de engenheiro, tendo sido um dos primeiros à se inscrever e ter registro no CREA.
Alexandre Albuquerque
REFERENCIAS:
- ESCOLA POLITÉCNICA DA USP - Prof. ALEXANDRE ALBUQUERQUE - Disponivel em http://www.poli.usp.br/pt/a-poli/historia/galeria-de-diretores/211-prof-dr-alexandre-albuquerque.html. Acesso em 29 de junho de 2015
- GRAZIOSI, João Carlos. A Trajetória Profissional do Engenheiro-arquiteto Alexandre Albuquerque, 1905-1940. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo). São Paulo: FAU-USP, 2001
- URBANISMO BR - Alexandre Albuquerque - Documentos - Disponivel em http://www.urbanismobr.org/bd/autores.php?id=19. Acesso em 02 de julho de 2015.
Como citar este documento:
Enciclopædia Biográfica de Arquitetos Digital
Autor(es) do verbete:: DURANTE, Silvio
Título: Alexandre Albuquerque
Documento nº: A12
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Última atualização: 02/07/2015