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ENCICLOPÆDIA

BIOGRÁFICA DE

ARQUITETAS e ARQUITETOS

DIGITAL 

"EBAD" - DESDE 2015 - by Silvio Durante
Antônio da Costa Santos (Toninho do PT)
♦  04 de março de 1952, Campinas, Brasil
† 10 de setembro de 2001, Campinas, Brasil

PERFIL BIOGRÁFICO:

 

AnTônio da Costa Santos foi um arquiteto, urbanista, professor universitário e político brasileiro. Seu principal trabalho na área de urbanismo foi a pesquisa realizada sobre a "rota dos goiases", uma antiga estrada rumo ao Brasil Central que deu origem à região de Campinas. Foi casado com a Psicóloga Roseane Garcia, com quem teve uma filha.

 

Santos nasceu em 14 de junho de 1952. Passou toda sua infância no tradicional bairro de Cambuhí, em Campinas, onde também estudou nas escolas secundaristas. Aluno aplicado e talentoso, aos 17 anos ele ingressou na Faculdade de Arquitetura da USP, onde formou-se em 1974. Seu primeiro projeto de arquitetura foi a casa de seu próprio irmão, mas devido à tantos compromissos sociais e políticos, o projeto ficou inacabado.

 

O arquiteto teve uma trajetória política marcada pela defesa dos direitos e interesses da população, sobretudo os mais pobres. No ano de ​1978, começa seu Mestrado na Universidade Federal de São Carlos voltado à área de desfavelamento e habitação de interesse social.

 

Ele deu aulas na Faculdade de Arquitetura da PUC-Campinas. Foi nesse período que os líderes comunitários o procuraram para compor um movimento social que lutava por moradia. Assim, Santos uniu-se aos favelados campineiros no movimento chamado "Assembléia do Povo", tornando-se o arquiteto oficial e o maior aliado no projeto de urbanização das favelas. Ele ficou 15 anos no movimento lutando para trazer melhores condições de moradia ao povo.

 

No ano de 1981 filia-se ao Partido dos Trabalhadores, onde permaneceu até o final de sua vida. Militante dedicado, ganhou seu apelido "Toninho do PT", mesmo nunca sendo ligado ao aparelho partidário. Era muito mais identificado com os militantes de base do que com as estruturas burocráticas do PT. Nesse período ele ajudou a formar muitos órgãos de organização popular, como associações de moradores, comunidades eclesiais de base (ligadas à Igreja Católica) e também os núcleos do PT.


Pouco depois, no ano de 1985, ele começou uma luta em defesa ao Patrimônio Histórico de Campinas, momento em que criou a "Fundação Febre Amarela" - responsável pela preservação de vários prédios históricos da cidade, inclusive a sua própria casa (pouso bandeirista do século XVIII; contendo a Casa Grande e Tulha, restaurados por Toninho, e tombados pelo Condephaat e Condepacc, a seu pedido). Nesse período ele também participou da fundação do Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio Histórico de Campinas.


No ano de 1989 foi eleito vice-prefeito de Campinas pela chapa do PT. Nessa época foi também nomeado Secretário de Obras da prefeitura da cidade, período em que denunciou corrupção envolvendo o Prefeito Jacó Bittar, o Governador Quércia e o então Presidente Fernando Collor. Em virtude dessas denúncias foi exonerado do cargo de Secretário e banido da Prefeitura.


No ano de 1992, após a saída do cargo público, Toninho decide aprofundar seus estudos sobre Campinas durante seu doutorado em Arquitetura e Urbanismo pela USP. Nesta pesquisa ele lançou novas luzes sobre a origem da cidade Campinas, a partir da "rota dos goiases", antiga ligação do litoral para o Brasil central. Sua tese e titulação foram apresentada e obtida em 1998

 

Para o historiador da Unicamp José Roberto do Amaral Lapa, a tese do arquiteto Antônio da Costa Santos suscitou muitos debates, pois o trabalho, ao usar fontes inéditas, altera a leitura e a concepção que se tinha em relação aos primeiros momentos de esboço de uma vida social no povoado que deu origem a Campinas.

 

A tese mereceu reconhecimento, na medida em que possui elementos e fontes suficientes - textos, documentos e iconografia - para convencer sobre as características da fundação de Campinas. Com base nessa documentação, Santos afirma o caráter estratégico para a Coroa Portuguesa da fundação e do povoamento de freguesias ao longo do Caminho das Minas de Goiás, segundo o historiador da Unicamp.

 

Após seu doutorado, Toninho iniciou a incansável batalha contra os interesses nefastos da especulação imobiliária aliada às empreiteiras, movendo várias ações judiciais, fazendo denúncias junto aos órgãos fiscais da lei e organizando protestos em defesa da coisa pública.


No ano de 1996 Toninho concorre às eleições municipais para o cargo de Prefeito, e mesmo sem qualquer recurso ou apoio da direção nacional do PT, termina o pleito eleitoral alcançando um heróico terceiro lugar.



Não desistiu de seu objetivo e, finalmente, no ano de 2000, foi eleito Prefeito da cidade, tornando-se o primeiro Prefeito de Campinas do século XXI. Toninho na Prefeitura e sua vice, Izalene Tiene, que era Assistente Social, tinham uma proposta inovadora de gestão para Campinas, que era superar as dificuldades através da solidariedade entre as pessoas.

 

No ano de ​2001, inicia seu mandato e dá início a profundas mudanças estruturais na administração pública municipal. Reduziu uma média de 30% o valor dos contratos públicos nas áreas de merenda escolar, segurança, coleta de lixo, etc., o que gerou uma economia de muitos milhões de reais aos cofres municipais.


Criou a Lei da APA (Área de Preservação Ambiental de Sousas e Joaquim Egídio), projeto que estava engavetado há 12 anos pelas gestões anteriores. Tão logo, Toninho iniciou o projeto de criação da Cidade Viracopos, que consistia na ideia de construir um grande bairro, com toda a infraestrutura necessária, para abrigar as famílias que seriam desalojadas pela inevitável expansão do Aeroporto Internacional.

 

Com essas e muitas outras ações em curso, Toninho estava contrariando os interesses dos históricos donos do poder local que sempre defenderam o atraso e as trevas.

 

Governou Campinas por apenas oito meses e dez dias, quando um tiro certeiro lhe acertou na altura no peito, praticamente a queima roupa.


No ano 2001 Toninho é assassinado. Mais de 100 mil pessoas acompanham o velório do politico que representava o sonho de uma profunda reforma urbana, política, social e econômica na cidade de Campina.

 

Abaixo um documentário sobre a vida do arquiteto, com depoimentos de familiares, amigos e colegas de profissão.

Antônio da Costa Santos

(o Toninho do PT)

O arquiteto Toninho do PT e a Assistente Social Izalene Tiene, em sua vitoriosa campanha eleitoral.

O arquiteto Toninho do PT e Luis Inácio Lula da Silva, em sua vitoriosa campanha eleitoral.

O arquiteto Toninho do PT: 8 meses de um governo progressista em Campinas, SP.

OBRAS SELECIONADAS:

 

> (1) Restauro da Casa Grande e Tulha, Campinas (1978)

 

 

- Referencias:

 

- CASTELLANI, Antonio Luiz Tebaldi. Antonio da Costa Santos : uma arquitetura moderna e social em Campinas. Biblioteca Digital da UNICAMP. Disponivel em http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=000449312. Acesso em 08 de agosto de 2015

 

- Organização de investigação e memória "Quem Matou Toninho?". site www.quemmatoutoninho.org

 

- PARTIDO DOS TRABALHADORES. Diretório Municipal de Campinas - História do PT. Disponivel em http://www.ptcampinas.org.br/pag/historia-do-pt1

. Acesso em 08 de agosto de 2015

 

- Prefeitura Municipal de Cmapinas. Patrimonio - Casa Grande e Tulha. Acesso em 07 de agosto de 2015.

 

- ZORZETO, Ricardo. EVANGELISTA, Rafael. et all. Rota dos Goiases - Arquiteto identifica rota que deu origem à Campinas. Disponível em http://www.comciencia.br/reportagens/goiases/goiases1.htm. Acesso em 08 de agosto de 2015.

 

Como citar este documento:

Enciclopædia Biográfica de Arquitetos Digital

Autor(es) do verbete:: DURANTE, Silvio
Título: Antonio da Costa Santos

Documento nº: S06

Disponível na Internet via: 
Última atualização: 08/08/2015

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