Carlota Costallat de Macedo Soares
♦ 16 de março de 1910, Paris (França)
† 25 de setembro de 1967, Nova York (EUA)
PERFIL BIOGRÁFICO:
Maria Carlota, chamada por todos pelo apelido de "Lota", nasceu em Paris, filha de José Eduardo de Macedo Soares, então Primeiro-Tenente da Marinha baseado na Europa, e de Adélia de Carvalho Costallat. O casal teve mais uma filha em Paris, Maria Elvira, conhecida por Marieta. Seu pai deixou de servir a Marinha em 1912 e volta para o Brasil com a família, que passa a morar no Rio de Janeiro. Fundou o jornal O Imparcial, precursor do Diário Carioca, este último fundado em janeiro de 1928 e publicado até 1965.
Lota sempre foi uma menina inteligente e inquieta. Amanta das artes, sobretudo com a arte modernista dos anos 30, Lotta, começa a ter aulas de arquitetura com Carlos Leão e em 1935 entra para o curso de pintura na Universidade do Distrito Federal, ministrado por Cândido Portinari. Ali Lotta inicia um relacionamento diário vários artistas e intelectuais.
Devido a favoravel condição econômica da família e as exposições de Portinari nos Estados Unidos, Lota foi no início da década de 1940 residir em Nova York, onde participou de vários cursos no Museu de Arte Contemporânea. Neste período conheceu sua primeira companheira, a também artista Mary Morse Anos mais tarde, em 1942, Mary apresentou Lota para a poetisa Elisabet Bishop, com que iria ter um romance anos mais tarde. As três formaram um triangulo amoroso.
Em uma viajem pela América do Sul, Elisabeth reencontra Lota no Rio de Janeiro e as duas passam a conviver na casa da arquiteta, na Fazenda Alcobacinha, (no bairro da Samambaia, município de Petrópolis, cidade distante 75 km do Rio de Janeiro),foi acesa a chama de um relacionamento cheio de idas e vindas, decepções e desencontros.
Sem ter frequentado formalmente uma universidade, foi reconhecida como arquiteta autodidata e paisagista emérita, sendo convidada por Carlos Lacerda, que naqueles tempos havia ganho as eleiçõ ao governo do então estado da Guanabara (1960-1965) a compor sua equipe de governo.
Lacerda a convida para trabalhar no governo junto à assessoria do Departamento de Parques da Secretaria Geral de Viação e Obras e a Superintendência de Urbanização e Saneamento (SURSAN), mais especificamente para coordenar o projeto do parque. Lota então propõe a completa modificação do projeto de duplicação das pistas ao longo da Praia do Flamengo de maneira a fazer um aterro muito maior, que veio a ser o Parque do Flamengo, ainda hoje considerado o maior aterro urbano do mundo.
Uma grande equipe é formada para construir o parque, tendo Lota no comando. A equipe, criada por decreto do governador Lacerda em 1961, contava com renomados arquitetos, paisagistas e urbanistas, como Roberto Burle-Marx e Affonso Reidy.
O Parque mexia com grandes interesses imobiliários da cidade do Rio de Janeiro. Para Lota não se tratava de criar um parque convencional, com fontes, bancos, bustos de celebridades e playgrounds. Em sua idéia de Parque estava implícita a tarefa de contribuir para melhoria da qualidade de vida, conter a ofensiva da especulação imobiliária e possibilitar a reconciliação dos cidadãos com sua cidade.
A partir de setembro de 1965, durante a campanha eleitoral para a disputa do Governo da Guanabara, os problemas tomaram dimensões incalculáveis. Lotta se desgastava física e emocionalmente. Havia muitas opiniões divergentes em relação às obras do Parque; alguns consideravam a obra desnecessária e custosa para o Governo e outros que apoiavam suas conclusões.
Prevendo a possibilidade da derrota do seu candidato, o Governador Carlos Lacerda sancionou uma lei criando a Fundação Parque do Flamengo à revelia das decisões tomadas pelos deputados na Assembleia. Não bastassem os problemas com a implantação da Fundação, nesse mesmo momento começam os conflitos entre Lotta e o paisagista Roberto Burle-Marx por questões relacionadas às obras do Parque.
Os jornais deram ampla cobertura aos argumentos do paisagista que indicava as atitudes de Lotta na presidência do Grupo de Trabalho como autoritárias. Um mal entendido profissional entre duas personalidades da elite carioca que disputavam, provavelmente, os sucessos e os infortúnios relativos ao projeto do Aterro. Lotta foi publicamente detratada, chamada de prepotente e autoritária por Burle-Marx.
Quando, nas eleições seguintes, o candidato apoiado por Carlos Lacerda perde o pleito, e ainda tendo criado a Fundação Parque do Flamengo e sido eleita presidente, a pressão dos sucessores de Lacerda é tão grande que Lota desiste de continuar o projeto até a sua finalização. Mas consegue tombar o Parque do Flamengo como patrimônio para evitar que a especulação imobiliária fizesse ali um loteamento particular, descaracterizando totalmente o parque.
Todas essas questões políticas em que estava envolvida mais o afastamento de sua companheira Elizabeth Bishop, que nesta altura já estava em Nova York, levaram-na àdepressão. Elizabeth Bishop era uma das poetisas mais famosas da época. Lota e Elisabeth viveram juntas de 1951 a 1965. Em 1967, quando já separadas, Lota resolveu viajar para Nova York a fim de encontrar Bishop. No mesmo dia em que chegou, Bishop encontrou-a caída na cozinha, com um vidro de antidepressivo nas mãos. Lota entrou em coma, falecendo poucos dias depois.
Abaixo, um programa da EBC sobre a vida da arquiteta:
Lota de Macedo Soares
OBRAS SELECIONADAS:
> (1) Aterro do Flamengo -
- Referencias:
- Fundação Parque do Flamengo. Site: http://www.parquedoflamengo.com.br/sobre-o-parque/a-fundacao/
- Site Oficial da arquiteta: www.institutolotta.com.br
- GOIS, Anselmo; BARROSO, Vera. Programa "De Lá Pra Cá". Lota de Macedo Soares. EBC Brasil - 2010. Disponivel em http://tvbrasil.ebc.com.br/delapraca/episodio/lota-de-macedo-soares. Acesso em 29 de novembro de 2015.
- GOMES, Silvia. A primeira casa a usar cobertura metálica no Brasil. Revista Arquitetura e cosntrução. Disponivel em http://casa.abril.com.br/materia/conheca-a-primeira-casa-a-usar-cobertura-metalica-no-brasil. Acesso em 28 de novembro de 2015
-OLIVEIRA, Ana Rosa de. Parque do Flamengo: instrumento de planificação e resistência. Vitruvius. Arquitextos. Disponivel em http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/07.079/288. Acesso em 29 de novembro de 215.
- PIRES, Thereza Fischer. Flores Raras, de Bruno Barreto: a história de Elizabeth Bishop e Lota de Macedo Soares. Blog Biografias GLS. Disponivel em http://biografiasgls.blogspot.com.br/2013/04/flores-raras.html, Acesso em 29 de novembro de 2015.
Como citar este documento:
Enciclopædia Biográfica de Arquitetos Digital
Autor(es) do verbete:: DURANTE, Silvio
Título: Lota Macedo Soares
Documento nº: S21
Disponível na Internet via: www.ebad.info/#!soares-lota-de-macedo/c24t3
Última atualização: 29/11/2015